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Gaeco apura mais um esquema de corrupção na gestão Fruet

fruetAntes alinhada ao ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT), em menos de dez dias, a Gazeta do Povo publica uma segunda denúncia contra Fruet e que envolve pagamentos de propina para furar a fila da Cohab. Segundo matéria do repórter Felippe Aníbal desta terça-feira, 4, funcionários da gestão passada estavam cobrando entre R$ 2 mil a R$ 33 mil pela promessa de antecipar a entrega de casas próprias. O caso foi descoberto pela administração de Rafael Greca e denunciado ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e vai servir para respaldar investigação do órgão vinculado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR).

No último dia 28 de junho, o mesmo jornal denunciou que o ex-secretário de Urbanismo e do núcleo duro da gestão de Fruet, Reginaldo Cordeiro, estava cobrando propina para conceder alvarás irregulares. E que 80% dos alvarás concedidos na gestão Fruet são irregulares, sem o pagamento de potencial construtivo e também sem o relatório de impacto ambiental – documento que define aos empreendimentos obras mitigatórias, como melhorias viárias e de infraestrutura urbana.

Propina na Cohab – Na atual denuncia na reportagem da Gazeta do Povo, o esquema prometia prioridade na aquisição de casas populares a quem pagasse valores diversos – entre R$ 2 mil a R$ 35 mil. Há indícios de que o golpe fosse aplicado desde o início da gestão de Fruet e que quase 350 famílias tenham sido vítimas do grupo.
Segundo as investigações do Gaeco, há suspeitas de que mais famílias de baixa renda tenham sido ludibriadas por funcionários comissionados da gestão Fruet e servidores municipais nomeados na Cohab pelo ex-prefeito. Um caso semelhante tinha sido estourado pela Polícia Civil em 2014, na metade da gestão Fruet, e depois foi abafado pela equipe do ex-prefeito.

Entre as provas apuradas na atual investigação, estão comprovantes de depósito, trocas de mensagens de texto e de áudio por aplicativos de celular e até transferências de veículos que foram dados como pagamento. As vítimas tinham renda familiar de zero a R$ 2,9 mil por mês. Uma das famílias chegou a repassar R$ 35 mil ao esquema: ela transferiu uma caminhonete avaliada em R$ 15 mil e pagou o restante em dinheiro.

“Todas as apurações estão sendo feitas por meio da comissão de auditoria. Se [o esquema] teve a participação de funcionários, é claro que eles serão responsabilizados e punidos, após o devido processo legal”, disse o presidente da Cohab, José Lupion Neto. Além disso, a Cohab vem repassando todos os documentos ao Gaeco para investigar quem eram os beneficiados com os pagamentos de propinas.

Balcão de negócios – Na reportagem da Gazeta do Povo, do dia 28 de junho, a denúncia é contra o ex-secretário de Urbanismo de Fruet, Reginaldo Cordeiro. Na matéria, Cordeiro disse que 80% das emissões de alvarás e autorizações para construções aprovadas pelo conselho deliberativo da pasta ocorriam à revelia da lei.

A conversa em que ele faz essa afirmação foi interceptada com autorização da Justiça e a gravação faz parte de uma investigação do Gaeco que encontrou indícios de que um grupo ligado à secretaria recebia vantagens indevidas, em troca de autorizações da prefeitura.

Em pelo menos duas ligações – ambas ocorridas em setembro do ano passado –, ficam sugeridas contrapartidas pelas liberações irregulares. Um empresário diz a Cordeiro que “travaram tudo lá no solar, os alvarazinhos e os troços”. O então secretário diz que não estão travados, mas faz uma ressalva: “Não se esqueça que nós temos que resolver as doações pra poder liberar as vistorias lá, hein?”, responde. Em diversos pontos da gravação, Cordeiro condiciona os alvarás ao repasse oficial e via caixa 2 para a campanha de reeleição de Gustavo Fruet, em 2016. Até mesmo a ex-primeira-dama, Marcia Fruet, é citada para receber recursos de alvarás irregulares.

Mais por vir – Dentro do Ministério Público, há um grupo de procuradores que já está investigando possíveis desvios na gestão do Instituto Pró-Cidadania de Curitiba (IPCC). O instituto era gerenciado por Gerson Guelmann, salário de R$ 23 mil por mês. As investigações preliminares apontam desvios nos convênios para o pagamento de mil agentes de saúde, nos contratos para apoio aos catadores de lixo, das entidades sociais e na Usina Valorização de Recicláveis (UVR), que era responsável pela reciclagem de 70% do lixo de Curitiba.

O que já se apurou aponta uso do Instituto para contratação de cabo eleitorais e também repasse irregular para os prestadores de serviços da campanha de reeleição de Gustavo Fruet.
links das matérias:
Famílias denunciam golpe que prometia venda de vagas na fila da Cohab
https://goo.gl/Yf8ErG

Liberação de alvarás: “80% do que passa é contra a lei”, diz ex-secretário de Fruet

https://goo.gl/iUfCVY