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E-Democracia aproxima Câmara da sociedade, diz presidente da CE do Marco Civil da Internet

O portal E-Democracia fortalece e aproxima a Câmara dos Deputados da sociedade brasileira. A avaliação é do deputado João Arruda (PMDB-PR), presidente da Comissão Especial (CE) criada para estudar o projeto de lei 2126/2011, que cria o Marco Civil Regulatório da Internet.

“Na primeira audiência da Comissão do Marco Civil da Internet, tivemos um fato inédito com o lançamento do E-Democracia”, frisou João Arruda, após a audiência que deu início às discussões da proposta do Poder Executivo. O portal (www.edemocracia.camara.gov.br) está hospedado dentro da estrutura do site da Câmara Federal e vai facilitar a interação dos internautas com a Casa.

“Os convidados respondiam perguntas na hora. Interação em tempo real. Nossa proposta é ampliar para outros temas e outras comissões”, informou o deputado. A audiência, a primeira dos trabalhos da CE, teve participação de técnicos e especialistas em internet e tecnologia de última geração.

“Todas as manifestações dos internautas serão analisadas pela Comissão, que pretende concluir o relatório final até a metade do ano”, informou o deputado. João Arruda lembra que esta foi apenas a primeira audiência pública da CE. “Agora vamos realizar seis seminários em diferentes capitais, incluindo Curitiba e por último, vamos realizar mais uma audiência em Brasília”, disse.

O projeto do Marco Civil da Internet foi elaborado pelo Ministério da Justiça, após uma ampla consulta pública. A intenção é estabelecer os direitos e as responsabilidades de usuários, provedores e do setor público na internet.

Debates
Na audiência, o pesquisador do grupo Cultura Digital e Democracia da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Rená, disse que as grandes empresas não podem ser colocadas como “vigias” dos conteúdos divulgados pelos usuários.

Para ele, a violação de direitos por parte de alguns internautas não pode justificar a vigilância, por parte dos sites, dos conteúdos divulgados por todos os internautas. Rená defendeu o texto original do PL 2126/11, que diz que o provedor de acesso não será responsabilizado por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros.

Para a diretora política da empresa Mercado Livre no Brasil, Laura Fragomeni, a responsabilização do provedor somente após o descumprimento de decisão judicial é uma forma de assegurar a privacidade do usuário. “Se as empresas forem consideradas responsáveis pelo conteúdo gerado por terceiros, ela teria de fiscalizar todo o conteúdo, acabando com o direito à privacidade do usuário”, explicou.

Empreendedorismo
O sócio fundador do Videolog.tv (um dos primeiros portais de compartilhamento de vídeos do mundo), Edson do Nascimento Ibiapino, criticou a obrigação, prevista na proposta, de manter os logs (dados de registro) dos usuários. Segundo ele, isto aumentará os custos das pequenas empresas da internet. Ele frisou, porém, que “o marco civil é muito importante para o empreendedorismo na internet”.

O advogado do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Guilherme Varella, disse que o Marco Civil da Internet poderá ampliar o rol de direitos e garantias do usuário da internet. Segundo ele, o serviço de banda larga é hoje lento, caro e inacessível para grande parte da população.

“Há dificuldades de acesso e problemas de qualidade”, disse. Para o representante do Idec, o texto é um “paradigma de construção popular” de uma proposta legislativa. “A sociedade civil conseguiu opinar sobre o seu direito à comunicação”, concluiu.

Trâmite
O relator da proposta, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), garantiu que todas as sugestões apresentadas pelos internautas serão analisadas em seu parecer à proposta. O projeto tramita apensado ao PL 5403/01, juntamente com outras cerca de 50 propostas legislativas sobre internet. Molon acredita que o PL 2126/11 deve tramitar separadamente.

O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo de Castro Pereira, disse que espera que projeto seja aprovado ainda neste ano pelo Congresso. Segundo ele, a proposta é prioritária para o governo.

Conforme Pereira, a falta de um marco legal sobre a internet, deixando claros princípios, conceitos, os direitos e as reponsabilidades de cada um dos atores na rede, tem levado a decisões judiciais desconexas, trazendo insegurança aos usuários e prejudicando novos negócios.

O secretário destacou que projeto afasta a responsabilidade do provedor de internet pelo conteúdo divulgado em suas redes por terceiros. “Assim evitamos que o provedor atue como censor, analisando cada conteúdo divulgado por terceiros antes de publicá-lo”, concluiu.