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Comissão Nacional da Verdade faz audiência pública em Curitiba

A Comissão Nacional da Verdade faz audiência pública nesta segunda-feira, 12, em Curitiba. No encontro serão ouvidos ex-presos políticos e testemunhas de casos de violações dos direitos humanos no Paraná. Criada no ano passado e instalada em maio deste ano, a CNV apura violações aos direitos humanos praticadas por agentes públicos, entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988.

Os sete membros da comissão, entre eles, José Carlos Dias e Paulo Sérgio Pinheiro, vão ouvir testemunhos de sobreviventes da repressão sobre episódios que ocorreram em áreas urbanas e rurais do estado. As mais conhecidas são a Operação Marumbi; a prisão dos estudantes na Chácara do Alemão; a Guerra de Porecatu; e o Massacre de Medianeira, ligado à Operação Condor.

No Paraná, o evento é organizado pelo Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, que fez o levantamento dos casos. As atividades da CNV começam às 9 horas e prosseguem até o final da tarde no Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná.

No começo da manhã haverá reunião com a sociedade civil e com autoridades paranaenses, quando será formalizada a criação das comissões da verdade da UFPR e da OAB/PR e assinados termos de cooperação entre a Comissão Nacional da Verdade com o Fórum Paranaense, OAB/PR, UFPR/Observatório e Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná. O objetivo é estabelecer mecanismos, formas e estratégias de cooperação institucional que evitem a sobreposição de ações.

A CNV vai elaborar relatório detalhado das ocorrências, contendo informações sobre morte, desaparecimento forçado, tortura e ocultação de cadáver e autoria. A coordenação do Fórum Paranaense explicou que os depoentes foram orientados a entregar à Comissão Nacional da Verdade documento escrito que reflita o seu depoimento, incluindo documentos históricos, fotografias e demais materiais que eventualmente disponha.

A CNV já realizou audiências em outros estados, como Goiás, Pernambuco e Rio de Janeiro, desenvolvendo investigações nas seguintes linhas de ação: Empresa, militares, operação condor, operações no exterior, operações na área agrária e indígenas.

EPISÓDIOS PARANAENSES – A operação Marumbi foi uma ação realizada em 1974, pela Delegacia da Ordem Política e Social (Dops) e do Centro de Operações de Defesa Interna – Destacamento de Operações Internas (CODI-DOI), que culminou na prisão de 65 pessoas contrárias ao regime militar e supostamente ligadas a partidos de esquerda. Nesse mesmo ano, seis militantes de esquerda foram assassinados na região de Medianeira, na fronteira com a Argentina, em uma operação que ficou conhecida como o Massacre de Medianeira.

Também na época da ditadura, o emblemático caso da prisão de estudantes que realizavam um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes em uma chácara próxima a Curitiba marcou o endurecimento do regime e a intensificação da repressão a estudantes ligados à militância. Já a Guerra de Porecatu foi um caso de repressão policial ao movimento camponês no interior do Paraná, que ocorreu na década de 50 e se enquadra entre as violações de direitos humanos que serão abordadas pela CNV.

TESTEMUNHOS – Os depoimentos de 28 pessoas que vivenciaram o período investigado, planejado pelo Fórum paranaense, envolvem: Operação Marumbi: Francisco Luis de França, Ildeo Manso Vieira, Laércio Sotto Maior, Narciso Pires, Onório Rúbio Delgado e Osiris Boscardin Pinto. Chácara do Alemão, envolvendo o movimento estudantil em 1968: Dácio Vilar, Elisabeth Fortes, Hélio Urnau, João Manfio, Judite Barbosa Trindade, Stenio Jacob e Vitório Sorotiuk. POLOP/POC – Política Operária/Partido Operário Comunista: Cristina Sliviani, Regina Sliviani, Reinoldo Atem, Sueli Teixeira e Tereza Urban. PCBR: Diva Ribeiro, Laércio Sotto Maior, Romeu Bertol e Vitório Sorotiuk. AP (Ação Popular): Sérgio Faria e Zélia Passos. Massacre de Medianeira: Aluizio Palmar. Repressão no campo (guerra de Porecatu, revolta dos colonos): Ângelo Priori, Elza Correia e Osvaldo Heller da Silva. MR8: Fábio Campana e a esposa de Nielsen Fernandes.

SERVIÇO PARA A IMPRENSA:

A imprensa terá acesso a todo o evento, que é aberto ao público. Para facilitar o trabalho das equipes de reportagem, a comissão organizadora reservou o horário das 12 horas às 13 horas para entrevistas com a Comissão Nacional da Verdade, o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, e dirigentes da UFPR, da OAB/PR e da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (SEJU). O local será a Sala dos Conselhos, no prédio da Reitoria da UFPR. Mais informações com Faxina (9995-2750) e Norton (8884-0252).