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Claudio Guerra conta historia de Thomaz Meirelles.mov

 

Do site Documentos Revelados

Hoje, mais uma história triste para esclarecer: o desaparecido político Thomaz Antonio da Silva Meirelles Neto. Este fato só veio à minha memória posteriormente à edição do livro MEMÓRIAS DE UMA GUERRA SUJA. Não consta no livro esta história, e é por isso que eu estou vindo à público agora para esclarecer.

Eu recebi um chamado do coronel Perdigão, como sempre era ele quem fazia e fui ao quartel da Barão de Mesquita, entrei no quartel. Você entrando pela guarda, você chega num pátio onde a tropa faz exercícios físicos com pranchas abdominais. Até uns anos atrás ainda tinha isso lá. E no fundo ficava o presídio, que é um prédio com dois pavimentos.

À época existia também um subterrâneo, que eu não sei se tem hoje. E ali o coronel me entregou um corpo num plástico. Os subalternos dele nunca me dirigiam à palavra porque havia uma separação entre o meu grupo, civil, e o grupo deles, de militares.

O coronel fazia uma disciplina para que não houvesse entrosamento entre os grupos para preservar o segredo da operação. Ele me entregou o corpo ali e eu não olhei, via de regra, eu examinava, mas neste caso não. E quando chegou em Campos para ver quem era, vi que se tratava de um homem de aparência de 40 anos, muito machucado. Vestido com um calção, as unhas arrancadas, o rosto desfigurado, com sinais de queimaduras.

É triste falar isso para a família. Mas a família tem o direito de saber a verdade, o que aconteceu com seu ente querido.
Não justifica, não tem desculpa, não quero me eximir de culpa, mas este esclarecimento eu devo à família, como devo a todas as famílias.

Foi erro, foi passado, foi uma guerra suja.

Hoje, eu me penitencio, eu quero o perdão de Deus. E se a sociedade entender que falar é um dever de todos que participaram desse tipo de operação, é o momento de nós podermos esclarecer e poder olhar para Deus e para o homem sabendo que foi errado e que não se repita mais.