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Câmara de Vereadores de Ponta Grossa analisa caso Ana Maria na segunda, 18

Paula Barbosa Ocanha
Folha de Londrina

A primeira sessão da Câmara de Vereadores de Ponta Grossa será realizada na próxima segunda-feira, 18, e já deve contar com a formação de uma CPI contra a vereadora Ana Maria Branco de Holleben, a Professora Ana Maria (PT). O pedido para abertura da CPI foi protocolado no último dia 9 e assinado por 22 vereadores. Ana Maria, que está no terceiro mandato, é alvo de um inquérito policial por suspeita de forjar o próprio sequestro supostamente para influenciar a votação da presidência da Câmara.

No dia 1º de janeiro, após a cerimônia de posse dos parlamentares, realizada num teatro, os vereadores se reuniriam na Câmara para a escolha dos membros da Mesa Executiva. No caminho até a Câmara, Ana Maria ”desapareceu”, gerando a suspeita de sequestro. Na primeira entrevista à imprensa concedida pela parlamentar após o episódio, na segunda-feira última ao Jornal da Manhã de Ponta Grossa, ela afirmou que ainda ”está começando a reconstituir o que aconteceu”, e que não sabe informar o que houve após sua saída do teatro.

Ana justificou que sofre de grave depressão e transtorno compulsivo, e que na época não estava fazendo o tratamento de saúde adequado. ”Eu não me sentia bem onde tinha aglomeração. Sentia pânico e evitava locais dessa natureza. No dia da posse não estava me sentindo muito bem e houve essa explosão de sentimentos.”

Segundo a vereadora, ela teria saído do local da cerimônia de carro e o motorista ficou dando voltas para que ela ”tomasse um ar”. ”Eu saí, minha cabeça estava explodindo, então tomei mais um remédio e não sei mais contar com precisão o que aconteceu”, explica. A vereadora contou que depois lembra de estar andando na chuva em uma estrada de chão.

”Por fim bati em uma casa, e as pessoas falaram que eu era a vereadora que estava sumida. Me ofereceram para usar o banheiro, a mulher da casa me deu uma roupa para vestir e eu pedi um celular porque precisava avisar as pessoas.” Ela não explica na entrevista, porém, como saiu do carro, como se separou do motorista e onde passou a noite. Ana apareceu somente no dia 2 de janeiro, quando foi levada pelo filho para a Santa Casa.

No dia 2, ela foi autuada por falsa comunicação de crime, fraude processual e formação de quadrilha. ”Eu sinceramente não lembro de ter sido presa, lembro muito pouco das pessoas que falaram comigo, estou conseguindo reconstituir agora essa história. Até então eu estava no piloto automático.”

A vereadora ficou presa até o dia 9 e depois foi para uma clínica psicológica, onde permaneceu até o último dia 31. Além dela, quatro pessoas foram detidas em janeiro, temporariamente, porque teriam ajudado na suposta simulação, entre elas o motorista de Ana Maria. Na entrevista, ela afirmou ainda que até agora não leu os depoimentos dados sobre seu caso, nem as matérias jornalísticas sobre seu suposto sequestro.

Apesar da situação complicada – tanto na Câmara quanto no partido, que ainda deve avaliar a permanência de Ana na legenda -, na entrevista a vereadora alegou que estará no plenário na primeira sessão para ”enfrentar” a CPI e o pedido de cassação do seu mandato. ”Não posso simplesmente agora renunciar ao mandato e deixar tudo isso em aberto.

Tenho que dar satisfação para meus eleitores, principalmente para meus amigos e para a imprensa”, finalizou. A CPI para investigar o caso deve ser composta por cinco parlamentares. Se não houver consenso sobre a composição, haverá uma votação no plenário.