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Caíto, o homem da missão impossível

Por Celso Nascimento, na Gazeta do Povo:

O deputado Caíto Quintana, líder da bancada do PMDB na Assembleia, trabalha febrilmente ainda neste domingo para sair-se bem de uma missão que, para muitos, se afiguraria impossível. É dele a tarefa de conseguir um consenso dentro do diretório curitibano do partido antes que, no próximo dia 17, quando haverá convenção, o partido chegue irremediavelmente dividido.

Como se sabe, o diretório é hoje comandado por Doático Santos, o mais fiel dos escudeiros de Requião. Requião não quer mais intermediários ocupando essa função e ele próprio se diz candidato a ocupar a presidência – posição que lhe daria poderes para conduzir pessoalmente a participação do partido nas eleições para a prefeitura de Curitiba em 2012.

Acontece que tem gente, em numerosa quantidade, que não acha conveniente ter o senador nesse cargo. Seria, digamos, um estorvo à natural flexibilidade de comportamento político que o grupo dos contrários acredita ser essencial para a legenda durante o curso dos acontecimentos que antecederão o 7 de outubro do ano que vem.

Há nomes de peso entre os que brigam para que Requião não se eleja presidente. Entre eles, apenas para citar um exemplo, o ex-governador Orlando Pessuti, de seu grupo de contantes na convenção. Mas há também os chamados “neutros”, militantes que entre um e outro grupo, preferem a paz e a concórdia. O deputado Caíto faz parte desse grupo.

Por isso, ele foi o escolhido para conversar com toda as partes, visando a formação de uma chapa para o diretório que represente um meio termo – que na linguagem política toma o nome de consenso. Se tiver sucesso, é desta chapa (então única) que sairá o nome do presidente da Executiva, o órgão mais forte e decisivo do partido.

Pelo andar da carruagem, um dos nomes de consenso para ocupar a presidência da Executiva encontra-se o de Renato Adur. Ex-deputado, ex-secretário de Desenvolvimento Urbano (governo Requião) e ex-presidente estadual do PMDB. A seu favor conta o fato de que ele transita com desenvoltura entre todas as tendências.

Segundo boas fontes, Caíto não tem tratado em suas conversações sobre a mais eletrizante questão com que o partido terá de se haver em futuro muito próximo: a escolha do candidato a prefeito de Curitiba. No momento, o candidato extra-oficial é o ex-prefeito e ex-deputado Rafael Greca, já em franca campanha.

Ele foi lançado por Requião para cumprir o papel de barreira contra o ingresso de Gustavo Fruet na legenda assim que se desligar do PSDB, uma possibilidade ainda não totalmente confirmada. Greca tem cumprido bem o papel de barreira, embora seu preceptor, o senador Requião, já tenha dado mostras de que não colocará empecilhos à eventual decisão de Fruet de refiliar ao partido do qual saiu em 2004 porque não o fez, já naquele ano, candidato à prefeitura.

Mas o pensamento predominante entre os defensores do consenso é que, um diretório assim constituído, teria mais legitimidade e força para tomar o caminho que pareça politicamente mais conveniente. Ou seja, manter o apoio a Rafael Greca ou se, conforme as circunstâncias, lançar e/ou apoiar Gustavo Fruet.

A convenção do próximo domingo dará as primeiras pistas.