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Planalto articula frente anti-Lula nos ministérios

O Palácio do Planalto vai condicionar a manutenção dos partidos no comando de ministérios ao apoio a um candidato que tenha aval do governo para a disputa à Presidência

O Palácio do Planalto vai condicionar a manutenção dos partidos no comando de ministérios ao apoio a um candidato que tenha aval do governo para a disputa à Presidência e seja uma espécie de anti-Lula. A estratégia do presidente Michel Temer é aproveitar a reforma ministerial, em março, para construir ampla aliança de centro. O plano está sendo desenhado para conquistar mais da metade do horário eleitoral na TV e isolar o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As informações são de Vera Rosa no Estadão.

Na avaliação de auxiliares de Temer, mesmo que Lula seja condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) no dia 24, em Porto Alegre, o nome dele pode estar na urna, em razão de recursos judiciais. Diante dessa perspectiva, o governo se prepara para uma ofensiva política contra a oposição, menos de dois anos após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

No mínimo 13 dos 28 ministros devem deixar os cargos até 7 de abril para disputar as eleições. Temer, porém, quer fazer todas as trocas na equipe em março. A expectativa é de que, até lá, já esteja claro quem será o nome ungido pelo Planalto.

O PP do senador Ciro Nogueira (PI) flerta com uma possível candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas abriu negociações regionais com o PT de Lula, principalmente no Piauí. “Lula foi o melhor presidente para este país, para o Piauí e para o Nordeste”, disse Ciro, no fim de 2017, à TV Meio Norte. “Lula é o meu candidato a presidente.”

O partido controla Saúde, Agricultura e o titular das Cidades, Alexandre Baldy, é considerado da cota da legenda, embora ainda não tenha se filiado. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, também foi indicado pelo PP.

Incerteza. A cúpula do PR não definiu quem apoiará para a sucessão de Temer, sob o argumento de que o cenário está nebuloso e ainda nem se sabe se a reforma da Previdência será aprovada. O ex-deputado Valdemar Costa Neto, que na prática dirige o partido, mantém ótima relação com Lula, mas também circula no Planalto. “O PR não descarta apoiar Lula”, disse José Rocha (BA), líder na Câmara.

No comando do Ministério dos Transportes, o PR conseguiu retirar o Aeroporto de Congonhas da lista de privatizações. Em troca, ajudou Temer a derrubar a segunda denúncia apresentada contra ele pela Procuradoria-Geral da República.

O governo defende um único concorrente da base e até agora não se empolgou nem com Maia – que tem contrariado o Planalto ao adotar tom pessimista sobre a aprovação da reforma da Previdência – nem com a candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Embora Jair Bolsonaro (PSC-RJ) esteja em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Lula, a percepção no Planalto é de que a campanha do deputado não vai decolar.

PSDB. Em recente entrevista ao Estado, Temer elogiou o governador Geraldo Alckmin, que postula a vaga pelo PSDB, disse preferir Meirelles na Fazenda e avaliou que a prioridade de Maia é a reeleição na Câmara.

Antes de entrar em férias, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, teve conversa reservada com Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes. Tucano, Aloysio deve deixar a equipe em março, para concorrer a novo mandato no Senado, e torce por um acordo entre o PSDB e o MDB para a disputa ao Planalto.

“O Michel não quer perder essa relação com o PSDB, mas eu acho que ele é candidatíssimo à reeleição”, afirmou o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara. “O MDB precisa ter candidato próprio para resgatar sua imagem e parar de ficar servindo de muleta para os outros”, disse o deputado Mauro Pereira (MDB-RS).

Enquanto o quadro não se define, Temer enfrenta disputa judicial para manter a nomeação da deputada Cristiane Brasil (RJ), filha do presidente do PTB, Roberto Jefferson, para o Ministério do Trabalho. Ela foi impedida pela Justiça de assumir por causa de ações trabalhistas.

Para a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), os partidos da base “brigam entre si” para definir um candidato porque não têm propostas. “Qual é o projeto que essa gente tem? Cortar despesas sociais, retirar direitos dos trabalhadores e vender o patrimônio público. Alguém ganha eleição com uma plataforma dessas?”