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Ossos de três pessoas foram retirados da casa que foi do ex-ditador Alfredo Stroessner

Ossos de três pessoas foram encontrados em uma casa que pertenceu ao ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, em Cidade do Leste, na fronteira com o Brasil. Segundo as investigações, as ossadas humanas podem ser de vítimas da ditadura paraguaia. As informações são do G1.

Atualmente, o imóvel é ocupado por barracas de moradores sem teto e o acesso é restrito. Para entrar, só com autorização de lideranças do movimento.

Membros da equipe Nacional para Investigação, que fazem buscas e identificação de pessoas detidas e desaparecidas no Paraguai, foram até o imóvel, retiraram as ossadas na terça-feira (10), e levaram para realização de exames em Assunção, a capital do Paraguai.

A casa do ex-ditador paraguaio está destruída. Segundo as autoridades paraguaias, o imóvel foi depredado por pessoas que entram no local para retirar e procurar objetos de valor.

Há várias escavações na casa. Foi abrindo um desses buracos, que uma dessas pessoas encontrou as ossadas humanas no fundo de um banheiro.

Três crânios e ossos de membros inferiores estavam embaixo do que já foi uma banheira.

Crânios foram encontrados no piso de banheiro de casa que pertenceu a ex-ditador paraguaio — Foto: Reprodução/RPC

Depois da medição, tudo foi separado. Uma peneira foi usada para identificar partes menores.

‘Casa do Terror’

De acordo com a Comissão, os ossos são de vítimas da ditadura paraguaia, que durou 35 anos, de 1954 a 1989. Essas pessoas podem ter sido mortas dentro da casa ou os corpos foram deixados ali.

Ossadas foram encontradas em um banheiro de uma casa que pertenceu a ex-ditador paraguaio — Foto: Marcos Landim/RPC

A propriedade ganhou um apelido nada amigável por causa dos crimes cometidos por Stroessner

“Durante esse tempo, ele [ditador paraguaio] visitava este lugar e se ouviam gritos de pessoas, uivos, gente que suplicava pela vida. Por isso, chamaram essa casa de ‘a casa do terror!’”, explicou Rogelio Goiburu, que é membro da equipe nacional de buscas presos e desaparecidos.

Stroessner foi acusado de mandar matar 423 opositores do regime ditatorial e torturar quase 19 mil pessoas. Também foi acusado de casos de pedofilia, durante os 35 anos que ficou no poder.

O general tinha uma forte relação com o Brasil e especialmente com Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Foi no governo dele que o Brasil fechou o acordo para a construção da Usina de Itaipu. Stroessner também estava no comando do Paraguai quando foi negociada e inaugurada a Ponte Internacional da Amizade.

O ditador morreu em 2006, exilado em uma casa em Brasília, aos 96 anos.

Para um dos membros da Comissão de Investigação, as lembranças são as piores possíveis. O pai dele foi morto pelo governo do ex-ditador.

“Meu pai foi vice-presidente do partido Colorado, que era a oposição de Stroessner. Ele foi sequestrado na Operação Condor, na Argentina, trazido ao Paraguai, torturado e assassinado. Até agora não encontramos seus restos mortais”, diz Rogelio Goiburu.