Trocas de mensagens no aplicativo revelam esquema de corrupção, desvio de dinheiro da prefeitura de Pato Branco, cobrança de propina, intenção de compra de votos e provável caixa 2 na campanha do candidato Robson Cantu
Trocas de mensagens pelo whatsapp supostamente entre secretários do prefeito Robson Cantu (PSD) e uma pessoa não identificada revelam um esquema de corrupção, desvios de recursos na prefeitura de Pato Branco, intenção de compra de votos e cobrança de propina para campanha eleitoral de Cantu.
Este é o resumo da denúncia anônima protocolada no Ministério Público do Paraná que ainda faz um pedido de providências ao Tribunal de Justiça do Paraná. “Venho através deste requerer providências do TJPR a respeito de fatos que considero um abuso contra nosso município e a todos que vivem em Pato Branco. Sou funcionário público do município e não posso me manifestar com meu nome”, diz o registro da denúncia no site do MP-PR.
Denúncia – “Mas não é possível que o povo pague pela imoralidade dos políticos que hoje conduzem o município. Tive acesso a conversas graves que remetem a fatos criminosos praticados pelo atual prefeito, seus secretários e assessores relacionados a atos ilícitos conforme a vasta documentação em anexo na denúncia anônima”, completa.
O denunciante apresenta 37 prints de mensagens pelo whatsapp. O interlocutor não identificado cobra com veemência parcelas a receber de contratos da prefeitura para abastecer a campanha de Cantu. E a pergunta que não cala: quem é a pessoa que cobra com autoridade as propinas? Vamos aos prints das conversas.
“Conseguiu algo? – Em um deles aponta para uma pessoa identificada como Gerson Miotto (secretário municipal de Desenvolvimento Econômico). Eis a íntegra: Interlocutor: “conseguiu algo?”; resposta de Miotto: “Ainda Nada/Estou atrás”. “Tem que conseguir a grana/Em espécie/Pra não dar problema”, atenta a pessoa. Miotto responde: “Sim/Ainda estou negociando/Assim que sair eu te falo”. Interlocutor: “Pressiona/Tem que ser logo/Agora entre a loucura/Já sabe”. A resposta: “Sim, to em cima”.
Outro print traz a troca de mensagens com uma pessoa identificada como a secretária municipal de Obras e Serviços Públicos, Adernanda dos Santos e outra pessoa que cobra: “Vai sair o contrato?/Estamos para receber o dinheiro/Se sair”. Adernanda responde: “Eu posso dar um empurrão/Mas vai ter que passar por todo o processo”. “Vai dar tempo”, pergunta a pessoa. “Sim/Fico em cima/Conversa com a empresa/O diretor/Se tiver tempo já vem amanhã”, diz Adernanda. A pessoa completa:”Vou falar com ele”.
“Não fale isso” – Uma outra troca de mensagens mostra a conversa entre uma pessoa identificada como César Sampaio. E o repasse do contrato pra prefeitura?/Alguma novidade?”, pergunta o Interlocutor. César Sampaio responde: “Ainda não/Eu vou agilizar isso aí pra vc assim que conseguir”. “Tem que ser rápido/Aqui estamos contra o tempo/ Agilidade”, cobra a pessoa. “Sim/Eu sei/Talvez nem consigamos mais”, diz César Sampaio. “Não fale isso”, diz a pessoa. A conversa prossegue: “Como estão as pesquisas”, pergunta César Sampaio.
Eu preciso de dinheiro” – Dois prints trazem a conversa com uma pessoa identificada como Marcos Vinicius ERG e uma outra pessoa que cobra: “Temos 4 contratos ativos com você/E a gente não tá recebendo as parcelas/Eu preciso de dinheiro para campanha”. A resposta de Marcos Vinicius: “Eu vou dar um jeito de pagar isso/É que estamos com uns problemas agora”.
“Não tá entrando dinheiro” – O interlocutor é mais incisivo: “Não tá entrando dinheiro/A prefeitura precisa disso agora/Eu te coloquei pra dentro/Preciso que me honre com o contrato cara”. Marcos Vinicius responde: “Vamos resolver isso aí/Vou mandar o dinheiro”. O interlocutor pergunta: “Quando?/Preciso de uma data”. A resposta: “Acho que até o dia 15”. “Aí vence mais uma”, rebate a pessoa.
“Mais ajuda, prefeito?” – Em outro print, a troca de mensagens é como uma pessoa identificada como Edson Roberto Rufatto. “Amigo/Preciso de ajuda $$/pra campanha”, pede o interlocutor. Rufatto responde: “Mais ajuda, prefeito? A parcela desse mês já foi/Se eu não tiver errado”. O interlocutor pondera: *”Sim/Mas preciso de um extra para campanha/faltam duas semanas pro fim/Apenas pra garantir a vitória”. “E vai ganhar mesmo?”. “Sim”, responde o interlocutor e posta um gráfico de pesquisa eleitoral. “Podemos ver um horário/Na próxima semana/E falar sobre isso”.
Compra de votos – Com uma pessoa identificada como “Carlos Assessor”, a conversa é travada da seguinte forma: *”Precisamos apertar/Sobre a metade dos servidores/Caixa baixo demais/E vou precisar encher/Pra última semana”, cobra o interlocutor. Ao que Carlos responde: “Vou em cima de novo”. *”Quem não acertar/Vamos cortar/Colocamos eles apenas pra isso/Pra receber e repassar a metade”, diz o interlocutor.
“Deixa comigo/Vou levantar isso”, responde Carlos. “Agora mais do que nunca/Quero preparar um caixa separado/Pra compra de votos/Nos últimos dias”, argumenta o interlocutor que recebeu um “joinha” de Carlos.
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