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Estudo avalia indústria de energia solar no Brasil e Paraguai

Convênio assinado pela Itaipu Binacional, Governo do Paraná e Fiep, em Foz do Iguaçu, vai organizar um estudo de viabilidade econômica de projeto industrial integrado de painéis fotovoltaicos no Brasil, no Paraná, e no Paraguai.

O projeto Green Silicon (em português, Silício Verde) envolve a implantação de toda a cadeia produtiva de painéis solares fotovoltaicos, do quartzo – matéria-prima principal – até a produção final de painéis solares. O convênio terá vigência de 12 meses, mas o estudo de viabilidade deve ser concluído antes, até maio de 2013.

“Esta é uma noite histórica. Quem sabe estamos construindo um caminho para determos o conhecimento desta energia do futuro, a solar”, disse Samek. “Temos um público pequeno aqui, mas o começo de um movimento tão grandioso que nem podemos mensurar seu impacto”, afirmou o presidente da Fiep, Edson Campagnolo.

Privilégios
A favor da industrialização integrada para obter energia solar, Brasil e Paraguai têm vantagens que, em tese, podem torná-los competitivos neste mercado mundial. Uma delas é dispor de energia abundante, insumo principal desta cadeia produtiva, e gerada por fontes renováveis, especialmente pela hidreletricidade.
Outro privilégio é o fato de ambos os países estarem na área mais ensolarada do planeta. Nas Américas, a irradiação solar é 2,5 vezes superior a de países europeus, como Alemanha, uma referência em uso de energia solar.

O Brasil também é o maior exportador de quartzo em pedra, matéria-prima do silício, elemento principal para a produção de painéis fotovoltaicos. Por ano, o País exporta 230 mil toneladas do quartzo, praticamente em estado bruto, e destinados aos países da Ásia – Japão, Coreia e China –, Alemanha e Estados Unidos.

“A ousadia deste projeto é justamente reverter toda esta logística, desenvolver e ocupar a tecnologia aqui na América Latina”, disse o superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley Jr, responsável pela proposta em Itaipu e que apresentou as características dos projetos aos participantes da assinatura do convênio.

“O Brasil é um grande produtor de commodities e podemos mudar essa condição. Temos os elementos da natureza necessários, a produção de energia elétrica, a abundância mineral e a competência para tocar um projeto como este”, disse o secretário Alípio Leal, na cerimônia em Foz do Iguaçu. “Dependerá de nós o convencimento do setor industrial sobre essas potencialidades”, completou.

Capacitação
Já o Paraguai passa por um importante processo de industrialização, com crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB) e, como o Brasil, dispõe de mão de obra e que poderá ser capacitada para esse novo setor. “Temos energia barata, gente jovem e condições favoráveis aos empresários para este e outros projetos”, disse o diretor geral paraguaio de Itaipu, Franklin Boccia.

No caso específico do Paraná, o Senai-PR deve abarcar este tipo de treinamento em órgãos como o Instituto de Inovação Eletroquímica.

O estudo
O desafio é saber se essas vantagens serão suficientes para estabelecer o projeto Green Silicon como uma indústria eficiente. Por isso, entre os enfoques do estudo está uma minuciosa avaliação do mercado mundial de processos industriais fabricantes de painéis fotovoltaicos, além da avaliação de todos os estágios da cadeia do silício prevista no projeto.

Atualmente, a China é a líder deste mercado, mas sua produção é feita a partir de energia suja (carvão e óleo). Sendo as principais jazidas do mundo no Brasil, o custo aqui seria, a princípio, menor do que o do país asiático.

Se concretizado, o Projeto Silício Verde também será útil à agroenergia e aos pequenos blocos. “Queremos justamente promover a descentralização da energia, um processo casa a casa. Isso é possível com os painéis fotovoltaicos”, disse Cícero Bley Júnior.

“Caso o estudo conclua que podemos tocar o projeto e produzir em grande quantidade e mais barato, isso permitirá nos colocar em outro patamar do contexto mundial”, disse Gerson Luiz Koch, do Fundo Paraná.
Antes mesmo do estudo pronto, o projeto já vem atraindo atenção externa. O Estado de Baden-Württemberg, da Alemanha, manifestou interesse na participação no Green Silicon.