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Antecipar a crise

Ademar Traiano

Os servidores do Rio Grande do Sul vão ter que contratar empréstimos se quiserem receber o décimo-terceiro salário deste ano. Já é o terceiro ano em que os funcionários públicos gaúchos recebem salários parcelados e o décimo-terceiro somente através desse processo complicado e penoso que é o de contratar um empréstimo em banco para receber um benefício que deveria ser líquido e certo.

A autorização dessa operação bancária pela Assembleia gaúcha resultou em uma corrida até as agências do Banrisul que congestionaram com milhares de funcionários tentando conseguir um empréstimo para receber seu salário natalino. Os gaúchos não são os únicos a viver um drama em um momento que deveria ser de alegria e festa. Informações do Jornal Nacional da última quarta-feira (20) revelam que a situação se repete em diversos estados brasileiros.

Os funcionários públicos de Sergipe também vão precisar contratar empréstimos para receber o décimo-terceiro. No Tocantins mais de um terço do funcionalismo só vai receber o benefício no fim de janeiro. Em Minas Gerais o décimo-terceiro só será pago aos funcionários da segurança pública e da Fundação Hospitalar do Estado, os demais funcionários não têm previsão para receber. O Rio Grande do Norte também não tem qualquer previsão para o pagamento do décimo-terceiro. A promessa do governo do Rio de Janeiro era pagar no último dia 20 os salários atrasados de outubro e o décimo-terceiro do ano passado, mas o impasse continua.

No Paraná, vivemos uma situação diferente. O governador Beto Richa determinou o pagamento integral antecipado, no último dia 8 de dezembro, do décimo-terceiro salário. Tem sido assim nos últimos anos. Enquanto outros estados parcelam, não pagam, atrasam ou lançam mão de expedientes como empréstimos bancários para pagar o benefício, o Paraná antecipa esse pagamento. O Estado tem 280 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas. O valor mensal da folha é de R$ 1,6 bilhão.

O décimo-terceiro antecipado se tornou um símbolo do acerto que foi o duro ajuste fiscal proposto pelo governo do Paraná em 2015 e aprovado pela Assembleia. Foi uma decisão muito difícil. Em 2015 a maioria dos agentes públicos não tinha noção do estrago feito na economia e o tamanho da crise gerada pelas políticas ensandecidas de Dilma Rousseff e de sua “Nova Matriz Econômica”. O governador do Paraná teve a capacidade de antever a crise e a coragem para tomar medidas para enfrenta-la, encarrando uma oposição selvagem e pagando, junto com os deputados que corajosamente o apoiaram, um gigantesco preço político. Fomos crucificados como vilões insensatos e insensíveis.

O Paraná antecipou a crise, previu a tormenta e tomou medidas corajosas para enfrentá-la. Colhemos os frutos agora. Não vivemos em um mundo ideal, sem problemas, até porque isso não existe. Mas temos uma situação muito mais confortável do que aquela vivida pela maioria absoluta dos estados brasileiros. Além das obrigações com o funcionalismo rigorosamente em dia estamos fazendo os maiores investimentos da história. Sinais claros de que o estado vive um círculo virtuoso.

O crescimento do PIB do Paraná, foi de 2,9% no terceiro trimestre de 2017, mais do que o dobro do Brasil, que cresceu 1,4%, segundo o IBGE. No acumulado do ano, a economia do Paraná registra alta de 2,1%, contra 0,6% do Brasil. Prever a crise, antecipar seus estragos e tomar medidas para enfrentá-la em tempo hábil não é um caminho fácil ou popular, mas a história nos deu razão.

Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSDB do Paraná