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Voto racional

Ademar Traiano

A retomada do crescimento da economia brasileira, que aparece em indicadores cruciais, como crescimento do PIB e redução do desemprego, vai afetar diretamente a sucessão presidencial brasileira.

Quanto mais forte o ritmo de retomada da economia, diz a consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), em matéria da BBC Brasil, maiores as chances de candidatos centristas, mais alinhados ao mercado na eleição presidencial do ano que vem.

Economia estável tende a beneficiar o voto pragmático e racional, enquanto a desorganização das finanças alimenta o radicalismo, de direita ou de esquerda. Por essa análise, o PT, grande responsável pela monumental crise econômica e os recordes de desemprego vividos pelo Brasil teria, ironicamente, mais chance de voltar ao poder se a crise que criou não for controlada pelo atual governo até as eleições.

Ou seja, segundo essa perspectiva, a destruição da economia brasileira, empreendida com tanto engenho e arte pelas sandices econômicas de Dilma entre 2010 e 2016, poderia ser o passaporte para uma volta de Lula em 2018. Isso ocorre porque o eleitor médio tende a esquecer a origem da crise e a patrocinar guinadas ideológicas radicais em momentos de grande desorganização da economia.

Na cabeça desse eleitor a responsabilidade por um eventual caos econômico em 2018 não estaria mais claramente no PT e seus desatinos. Ao contrário, poderia ocorrer a tendência de idealizar o passado. Uma perspectiva fortalecida pela propaganda política tradicionalmente eficiente do petismo e pelo seu conhecido desdém pela verdade.

Também seriam grandes as chances de o eleitor buscar uma alternativa igualmente radical em outro extremo do espectro ideológico. Em situação de persistência da crise, as chances de candidaturas como as de Lula ou Jair Bolsonaro, seriam exponencialmente maiores.

Em contrapartida, se a correção de rota da economia se aprofundar é menos provável que o eleitor faça sua opção por uma alternativa radical que contemple caminhos diversos dos que estão sendo adotados pelo governo.

Ao contrário, ao perceber que as políticas econômicas estão dando resultado, que sua vida está melhorando, o eleitor tende a procurar um candidato capaz de dar continuidade ao que está sendo feito. Nesse cenário, o partido que mais se beneficiaria seria o PSDB, diz a análise da Economist Intelligence Unit.

O cenário mais provável, diz a diretora da consultoria britânica para a América Latina, Fiona Mackie, é um segundo turno com um candidato populista e um de centro, com vitória deste último.

Observar os indicadores econômicos nos próximos 12 meses pode ser mais importante, e mais útil, que monitorar o sobe e desce das pesquisas eleitorais.

Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e do PSDB do Paraná