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PMDB decide futuro do governo Dilma

No Paraná, partido está dividido entre defesa da “legalidade” e apoio ao impeachment da presidente

PMDB decide futuro do governo Dilma
Deputado João Arruda, terceiro vice-presidente nacional do PMDB

Ivan Santos, no Bem Paraná

O PMDB reúne amanhã seu Diretório Nacional, em Brasília, para decidir se permanece no governo ou abandona a presidente Dilma Rousseff (PT) à própria sorte. A reunião é considerada decisiva e pode acelerar o processo de impeachment, já que o partido tem 69 votos e é fundamental para manter as chances de sobrevivência de Dilma no cargo. Caso a legenda opte por deixar a administração federal, o impeachment ganha força e com isso, as chances do vice-presidente da República e presidente nacional do partido, Michel Temer, assumir o comando do País. Isso porque um eventual desembarque peemedebista provavelmente produzirá um “efeito manada”, com outras siglas como PP, PR e PSD deixando a base governista.

No Paraná, a legenda está dividida. O grupo que comanda a Executiva Estadual, presidida pelo senador Roberto Requião, tem até agora mantido uma posição de “defesa da legalidade”, sob o argumento de que não haveria elementos concretos que fundamentem o afastamento da presidente. Nesse grupo está, por exemplo, o deputado federal João Arruda, sobrinho de Requião, e que integra a Executiva Nacional da sigla na condição de 3º vice-presidente.

Por outro lado, Requião apoiou a reeleição de Temer para a presidência nacional da legenda.

O vice, inclusive, começou em Curitiba uma série de reuniões intituladas “Caravana da Unidade”, pela qual percorreu o País em busca de apoio para continuar no comando do partido. Além disso, um dos aliados mais próximos ao senador, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, é chefe de gabinete de Temer, e pode assumir uma posição ainda mais importante caso o vice assuma no lugar de Dilma.

Na bancada federal peemedebista, há quem defenda abertamente a deposição de Dilma. É o caso do deputado federal Osmar Serraglio, que já se declarou publicamente favorável ao impechment e inclusive participou da última grande manifestação contra o governo da presidente, no dia 13 de março.

O próprio Requião deu sinais, nos últimos dias, de que apesar de ser contra o impeachment, não está satisfeito com o governo Dilma. “No Paraná somos pela legalidade, mas o governo sempre esteve com o PP e nossos adversários”, comentou ele pelas redes sociais. “Impeachment não é golpe. Golpe é impeachment sem crime de responsabilidade”, disse o senador.

Articulação – A reunião da cúpula peemedebita será realizada em um dos plenários da Câmara dos Deputados e pode mudar a condução dos trabalhos no Planalto e no Congresso. Para aprovar a continuidade ou o fim da aliança com o governo petista, é necessário maioria simples dos 125 membros do PMDB que têm direito a voto. Temer cancelou a viagem que faria a Lisboa hoje a pedido de peemedebistas que querem que ele participe do processo de articulação da decisão da legenda. Na última quarta-feira, o vice-presidente se reuniu com o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e um dos principais opositores de Dilma, para uma conversa sobre a situação política do país.

No mesmo dia, as articulações ocorreram do outro lado, em encontros do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do ex-senador José Sarney (PMDB-AP) e de outras lideranças peemedebistas alinhados com o governo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante da ameaça de desembarque político do principal partido da base aliada, Dilma disse, em declarações na última semana, querer “muito que o PMDB permaneça” no governo, mas disse que vai respeitar a decisão da legenda.

Dilma disse que aposta no comprometimento de ministros peemedebistas que compõem seu governo, entre eles, Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência, Tecnologia e Inovação). Os dois querem que a aliança seja mantida e consideram irresponsável um rompimento. Os ministros do PMDB se reunirão um dia depois da votação do Diretório Nacional para fechar uma posição em relação a possibilidade do partido decidir deixar a base aliada.