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Piso do magistério agrava crise em prefeituras do Paraná, afirma AMP

marcel micheletto

Levantamento feito pela Associação dos Municípios do Paraná aponta que as 399 prefeituras do Estado comprometerão em média 90% das receitas que recebem do Fundeb com o pagamento do novo piso do magistério em 2016. O piso teve um reajuste de 11,36% em janeiro, passando de de R$ 1.917,78 para R$ 2.135,64. Em 2013, o comprometimento do fundo com o piso foi de 82,4% e, em 2015, de 88%, segundo a entidade, que prevê o agravamento da crise nas prefeituras paranaenses com a implantação do novo salário dos professores. As informações são do Bem Paraná.

O impacto financeiro causado pelo piso do magistério nas contas das prefeituras, em 2014, segundo a AMP, fez com que 103 cidades do Paraná, ou 25,81%, utilizassem 100% a 95% do Fundeb para honrar a folha de pagamento dos professores. Em 262 municípios, ou 65% das cidades paranaenses, foi utilizado até 80% do Fundeb para honrar este compromisso.

Além disso, o piso do magistério registra aumentos reais acima da inflação e do crescimento das receitas do Fundeb no Paraná. No período de 2009 a 2016, o piso acumula variação de 124,80%, enquanto a receita do Fundeb no Paraná registra variação de 109,7%, alega a associação.

O Fundeb representa, em média, 80% das receitas da Educação dos municípios e é a principal fonte de recursos das cidades para a manutenção de escolas. Por isso, o presidente da AMP e prefeito de Assis Chateaubriand, Marcel Micheletto (PSDB), diz que, embora os governantes municipais reconheçam a necessidade de valorizar o magistério, as prefeituras precisam ter condições de cumpri-lo. “É claro que todos os prefeitos do Paraná defendem o pagamento do piso e a valorização do magistério, mas é importante considerar que eles precisam honrar outros compromissos com a população. É por isso que a diferença entre o aumento do piso e das receitas dos municípios nos preocupa”, alega Micheletto.

A lei determina que o piso nacional do magistério seja atualizado anualmente em 1º de janeiro, de acordo com o mesmo percentual de crescimento do valor aluno/ano nacional do Fundeb referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano. O valor do piso de R$ 2.135,64 corresponde ao vencimento inicial da carreira para um profissional com formação em nível médio, na modalidade normal e para uma carga horária semanal de 40 horas, com valores proporcionais às demais jornadas de trabalho. Para os professores com jornada de 20 horas semanais, o piso é de R$ 1.067,82.

Índice
A AMP defende a aprovação de um projeto que muda a data-base de reajuste do piso de janeiro para maio e prevê que o critério de reajuste seja o Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC). Segundo a entidade, isto garantiria aos municípios absorver o impacto financeiro do aumento. Para comparação, a correção do piso pela lei atual foi de 101% de 2009 a 2015. A inflação pelo INPC, no mesmo período, foi de 40% – um ganho 61 pontos percentuais. Micheletto explica que mesmo sendo favoráveis à melhoria da remuneração dos professores, as prefeituras precisam garantir os recursos necessários para pagar o piso sem comprometer os serviços prestados à população. “Os prefeitos são aliados dos professores. Mas precisam pensar como gestores, para não prejudicar o conjunto da população”, alega o dirigente.

Foto: CMC/divulgação