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Em audiência pública, moradores de Umuarama e região dizem NÃO ao fracking

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Numa noite memorável para a campanha Não Fracking Brasil, centenas de moradores de Umuarama e cidades da região Noroeste do Estado do Paraná lotaram o plenário da Câmara de Vereadores para participar de audiência pública que debateu os perigos do fraturamento hidráulico, chamado, fracking.

Estiveram presente os representantes da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil, 350.org Brasil e Fundação Cooperlivre Arayara, deputados estaduais, os vereadores, gestores públicos, presidentes de sindicatos rurais e de trabalhadores, setores produtivos, professores e alunos, líderes da Igreja Católica e de denominações Evangélicas, entre outros segmentos da sociedade civil.

Umuarama é uma das 123 cidades do Paraná que podem ser impactadas pela exploração minerária do gás não convencional, também conhecido como gás de xisto, e que utiliza a metodologia de fraturamento hidráulico, chamado mundialmente por FRACKING. Este processo minerário causa danos irreparáveis à saúde humana e atividades agropastoris. Tendo como principal preocupação a contaminação das águas de superfície e subterrâneas como as do aquífero Serra Geral e outros, poderá gerar impactos que irão inviabilizar a pecuária, agricultura e provocará uma crise sem precedentes no abastecimento de água que hoje já passa por uma terrível crise.

“Onde a indústria do fracking se instala, a forma de vida como conhecemos desaparece e o caos se instala. A terra fica estéril, a água contaminada e o ar poluído provocam câncer nas pessoas e os animas morrem em função dos produtos químicos tóxicos, cancerígenos e radioativos utilizados no processo de extração do gás”, enfatizou o coordenador Nacional da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil, Dr. Eng. Juliano Bueno de Araujo.

Acompanhado de Elias Belco, analista ambiental e coordenador regional da Campanha Não Fracking Paraná, Juliano alertou a população para a importância de se proibir o fracking na cidade de Umuarama, no Paraná e em todo Brasil: “Somos um país com vocação agrícola, com grande potencial para energias limpas e renováveis e não precisamos de fracking”.

Para a diretora da 350.org Brasil, Nicole Figueiredo de Oliveira, além dos impactos ambientais, econômicos e sociais, fracking provoca terremotos e intensifica as mudanças climáticas. Parceira da COESUS na luta contra o fracking no Brasil e países da América Latina, Nicole acredita que somente com a mobilização das pessoas nas cidades, pressionando os parlamentares para aprovar uma legislação que proíba o fracking no país, “poderemos conter o aumento do aquecimento global ao garantir que os combustíveis fósseis fiquem no solo”.

Ela lembrou que na próxima semana, líderes de 140 países estarão em Paris para participar da COP 21, a Conferência para o Clima que pretende costurar um acordo global para conter as mudanças climáticas.

Outras cidades devem proibir

A audiência aconteceu na Câmara de Municipal de Umuarama e foi proposta pelos vereadores Diemerson Castilho (PT), Hemerson Yokota (PR) e Toninho Comparsi (PMDB), todos integrantes da Comissão de Meio Ambiente. Já tramita no Legislativo Municipal Projeto de Lei 076/2015, de autoria de Hemerson Yokota que proíbe a concessão de alvará para a exploração de gás de xisto por fracking no município.

Segundo o presidente da Comissão de Meio Ambiente, vereador Diemerson Castilho, “depois da audiência pública que mostrou a negativa da população para o fracking, agora temos que ampliar a discussão e envolver as outas cidades da região que podem ser impactadas”. A campanha contra o fracking contará com o apoio da Caritas Umuarama, através de Renato Reginaldo Urbano Argentino, da Diocese de Umuarama e outras entidades presentes na audiência como o ICMBio, OAB, Rotary Club, Lions Club, Procon, Unipar, Unopar, Uninter, UEM, Defensoria Pública, Sanepar, etc.

Em 2013, a Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) realizou a 12ª Rodada de leilões para exploração de gás de xisto no Brasil e vendeu lotes que atingem 123 cidades do Paraná, 378 em 15 estados. Graças a uma ação civil pública do Ministério Público Federal articulada pela campanha Não Fracking Brasil, uma liminar suspende os efeitos do leilão e impede que o fracking aconteça no Paraná.

O deputado estadual Claudio Palozi (PSC) afirmou que votará pela proibição do fracking na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), por entender que “os riscos oferecidos à população e para a economia do estado, e de forma especial à água, são inegociáveis no presente ou no futuro”. Palozzi desmentiu o deputado Fernando Scanavaca (PDT), que afirmou ter convidado todos os deputados para ir à Argentina na missão oficial. “Eu não fui convidado”, garantiu Palozi, denunciando um jogo de interesses na Alep sobre o fracking.

Exemplo de Toledo

O vereador de Toledo, Tita Furlan (PV), Renato Eidt, representando o prefeito de Toledo, e a produtora rural e Engenheira Agrônoma Tika Zillmer, viajaram para Umuarama para participar da audiência pública. Toledo foi a primeira cidade do Paraná a se posicionar contra o fracking e é exemplo para o mundo.

“A nossa luta começou em 2013 e hoje estamos mais determinados do que nunca para impedir que essa desgraça chegue a nossa terra”, disse Tita Furlan.

Toledo, primeiro lugar no PIB agropecuário do estado por sua produção de suínos, aves e grãos, já aprovou projeto que impede operações de fracking para exploração de gás de xisto. Também já aprovaram leis nesse sentido Cascavel, Foz do Iguaçu, Santa Bárbara do Oeste, e mais recentemente Campo Mourão.