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Corte no Bolsa Família seria Waterloo de Dilma

Corte no Bolsa Família seria Waterloo de Dilma

Josias de Souza

O deputado Ricardo Barros (PP-PR), relator do Orçamento da União de 2016, informou que cogita passar na lâmina 35% da verba reservada pelo governo para custear o Bolsa Família. Dos R$ 28,8 bilhões, sobrariam R$ 18,8 bilhões. Iriam para as cucuias R$ 10 bilhões. Se for aprovada, a providência descerá à crônica da crise como uma espécie de Waterloo de Dilma Rousseff.

Na campanha presidencial do ano passado, Dilma acusou o rival Aécio Neves de conspirar contra o Bolsa Família. Na falta de melhor evidência, brandia uma entrevista em que o economista tucano Armínio Fraga propunha auditar as contas dos bancos públicos (assista ao vídeo no rodapé do post).

Eleita, Dilma já jogou no mar quase todos os compromissos que assumira com o eleitorado em 2014. Mesmo a promessa de jamais tocar nos investimentos sociais já foi parcialmente desrespeitada. Podaram-se verbas de programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Pronatec. Se depender do relator Ricardo Barros, o intocável Bolsa Família também será tocado. “Precisamos ser racionais, e não agir com emoção, não vou votar um Orçamento deficitário”, disse o deputado.

Ricardo Barros trabalha com a matéria-prima que recebeu do governo: um Orçamento deficitário para o ano que vem, com um rombo de R$ 30,5 bilhões. Para cobrir o buraco, o Planalto sugere recriar a CPMF, que renderia uma coleta anual de R$ 32 bilhões. O problema é que o Congresso não se dispõe a ressuscitar o tributo.

Dando de barato que a nova CPMF é uma iniciativa natimorta, o relator do Orçamento rende-se à realidade: “No Bolsa Família há uma grande rotatividade. As famílias que estão no programa serão mantidas e as que saem não serão substituídas, é simples o raciocínio.”

O efeito do corte também será simples. A eventual redução do Bolsa Família injetará raiva na alma de eleitores que asseguraram ao PT um colchão de votos que fez toda a diferença nos pedaços mais pobres do mapa eleitoral do Brasil, sobretudo no Nordeste e no Norte.

“Eu quero votar um Orçamento em que o mercado acredite”, afirmou Ricardo Barros. Resta saber se Dilma está disposta a protagonizar no seu segundo mandato o papel de uma espécie de Napoleão se descoroando.

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