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De novo a Casa Civil

Depois de Dirceu, Palocci e Erenice, agora é a vez de Gleisi Hoffmann ser investigada por acusações de práticas ilegais

gleisi

Fábio Brandt, na IstoÉ

Desde que o PT assumiu o governo federal em 2003, a Casa Civil se transformou em uma espécie de imã para problemas de toda a sorte para quem a ocupa. José Dirceu, o primeiro titular da pasta na era petista, está preso. Antônio Palocci, o super ministro do primeiro governo de Dilma Rousseff, foi apeado do cargo após uma série de denúncias e, agora, é alvo da Operação Lava Jato. O fantasma Erenice Guerra também continua a circular pelos corredores do Planalto e a própria presidente, outra ex-ocupante do cargo, vê a cada dia aumentar os riscos de sofrer um processo de impeachment. Agora é a vez de a senadora paranaense Gleisi Hoffmann experimentar o que vem sendo chamado em Brasília de a maldição da Casa Civil. Como já era esperado há algum tempo, Gleisi foi mais uma petista de alto escalão a ser implicada na Lava Jato.

De acordo com despacho do juiz Sergio Moro enviado ao Supremo Tribunal Federal pedindo que se abra uma investigação contra a senadora, Gleisi “seria beneficiária de valores de possível natureza criminosa”. Moro citou ainda o ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, e uma série de nomes desconhecidos do público, mas que podem ser a conexão entre o esquema que atingiu a Petrobras e outras operações criminosas. Um dos personagens mencionados pelo juiz é o advogado Guilherme de Salles Gonçalves. Filiado ao PT, ele já atuou em campanhas de Gleisi – como advogado e como doador. Também já prestou serviços para o gabinete dela no Senado.

Segundo Moro, Salles Gonçalves é um dos beneficiários de pagamentos feitos pelo grupo Consist em retribuição pelo contrato obtido para prestar serviço de informática em um acordo de cooperação entre a pasta do Planejamento, ocupada, então, por Paulo Bernardo, e a Associação Brasileira de Bancos e o Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada. No documento enviado ao STF, Moro afirma ter provas de que Gonçalves usou os valores recebidos da Consist para arcar com despesas de Gleisi. “Estou sofrendo uma condenação antecipada do juiz Moro. Remeteu uma parte do processo, descontextualizada, dizendo que eu seria beneficiária de atos criminosos, isso já é uma condenação. Eu não tenho nenhuma relação com a Consist”, afirma a senadora Gleisi.

Gleisi não será julgada por Moro. Como tem foro privilegiado, a senadora será julgada pelo Supremo Tribunal Federal. Lá ela terá todo o espaço do mundo para explicar a razão pela qual seu nome e o de seu marido têm surgido com tanta freqüência nas investigações da Lava Jato.

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