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Foz do Iguaçu usa armadilha letal para combater mosquito da dengue

armadilha

O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Foz do Iguaçu está instalando mais de mil equipamentos para capturar o Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue. O trabalho, iniciado nesta segunda-feira (18), será desenvolvido no Jardim Cataratas, na região sul da cidade, local onde a Leitura de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) registrou infestação larvária na ordem de 13%.

A média da cidade é de 8,5%. As armadilhas serão do tipo Adultrap, que tiveram a eficiência comprovada em pesquisas realizadas por professores da USP, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Ministério da Saúde. Dessa vez o CCZ de Foz do Iguaçu vai utilizar as armadilhas para reduzir a população do mosquito.

“Esse instrumento é usado em pesquisa para apontar o índice de positividade de mosquitos adultos, e indicar ou avaliar o resultado do trabalho a ser desenvolvido na área”, disse o gerente do CCZ, o veterinário André de Souza Leandro. “Vamos usa-lo como uma ação de reforço ao combate da dengue para diminuir a incidência da fêmea do Aedes aegypti, que é quem transmite a doença”, explicou.

Os agentes farão uma varredura no Jardim Cataratas para a eliminação de criadouros do mosquito. Na área foram mapeadas 512 residências. Cada casa vai ser equipada com duas armadilhas, uma para ser instalada no interior e outra no lado de fora. Os moradores vão receber um cartão com contatos rápidos do CCZ, e serão motivados a informar ao Centro de Controle de Zoonoses sempre que encontrarem mosquitos presos nas armadilhas. “É uma maniera de envolver a comunidade no trabalho”, disse Leandro.

Além de reduzir a população dos insetos, o CCZ também vai aplicar um questionário para conhecer os hábitos do moradores. “Vamos buscar saber com que frequência costuma examinar e limpar os focos do mosquito”, garantiu o gerente. O acompanhamento vai durar um ano.

O último levantamento realizado pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde confirmou 891 casos de dengue na cidade esse ano. Apesar do número de casos notificados e confirmados estarem diminuindo gradativamente nas últimas 2 semanas demonstrando uma tendência desta doença que até meados de junho diminui em torno de 95%, será verificado um acréscimo no número geral de casos confirmados, isso devido a dois fatores:

– A Epidemiologia trabalha com a soma semanal do número de casos desde início do ano, sendo assim mesmo com a diminuição gradativa dos casos confirmados, com a soma semanal o valor total dos casos positivos aumentam.

– Em torno de 50% dos pacientes que notificaram para Dengue, não retornaram nas unidades de Saúde para fazer a coleta de exame para confirmar ou descartar a doença. Estes casos de acordo com protocolo são encerrados como positivos para Dengue por critério clínico epidemiológico.
Apesar de no corrente ano o município ter apresentado um acréscimo no número de casos desta doença, este representa 10% do índice registrado em 2010, quando o município teve quase nove mil casos confirmados. Mesmo assim, os dados são preocupantes. “O uso das armadilhas não anula as outras ações, como o compromisso dos moradores em verificar e limpar os locais que acumulem água e possam ser um criadouro do mosquito”, alertou o Secretario Municipal de Saúde, Charlles Bortolo.

Além das armadilhas, o CCZ continua a usar todas as outras ações em regiões com maior incidência de casos notificados. “Vamos utilizar todos os recursos para combater o mosquito Aedes aegypti, que não transmite apenas a dengue, mas outras doenças como a Febre Chikungunya e o Zyka Vírus”, disse a diretora de Vigilância em Saúde, Ariana Aline Stumpf.

A tendência é que o índice de infestação, e consequentemente de casos confirmados, diminuam por causa da queda da temperatura. “Esta ação inicia-se agora, pois além de diminuir a população deste mosquito, já é um preparativo para o enfrentamento da dengue no período mais crítico, a partir de agosto”, revelou o prefeito Reni Pereira.

Como funciona a armadilha ADULTRAP

O sistema de captura do mosquito Aede aegypti será feito com o equipamento do tipo Adultrap, termo em inglês que significa ‘armadilha para adulto’. O equipamento foi desenvolvido de forma artesanal pelo comerciante João Edson Donatti, de Cianorte, no norte do Paraná, em 2001. Posteriormente a invensão foi industrializada. A armadilha pioneira foi enviada ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Foz do Iguaçu em 2003, e testada pelos agentes locais. Em 2004 o equipamento, de cor preta e formato cilíndrico, foi aprovado nos testes de laboratório e campo aplicados em Foz do Iguaçu e no Rio de Janeiro, com supervisão de pesquisadores da USP e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O resultado foi destaque em várias publicações especializadas, como a Revista Brasileira de Entomologia, a Revista de Medicina Tropical e a Revista de Epidemiologia e Saúde. Todas atestaram a capacidade do equipamento em capturar a fêmea de Aedes aegypti. “Ao contrário de outros modelos que utilizam o mesmo conceito, o Adultrap dispensa o uso de cola ou larvicida, tendo apenas a água como isca para atrair a fêmea do mosquito”, explicou o gerente do CCZ, André de Souza Leandro. “É um equipamento seguro e ecologicamente correto, em hipótese alguma vira criadouro do Aedes aegypti”, comentou.

O Adultrap tem três compartimentos: um para a entrada do mosquito, outro para a isca e o último para mantê-lo preso. Ao procurar a água que está dentro da armadilha para depositar os ovos, a fêmea do Aedes aegypti fica presa e morre. O equipamento não dependente de bateria ou energia elétrica.

Informações e cuidados para evitar a dengue

Mesmo com a aplicação de inseticida (fumacê) e a nova estratégia de captura do mosquito, os hábitos de cuidado, higiene e fiscalização do bairro continuam sendo as principais armas da população. Pesquisa de campo revela que 80% dos criadouros do Aedes aegypti em Foz do Iguaçu são encontrados em garrafas e lixo a céu aberto, normalmente depositados no fundo dos quintais.

Segundo o CCZ, uma única fêmea pode dar origem a 400 novos mosquitos. Os ovos podem resistir a longos períodos de seca – até 1 ano, segundo os estudos – o que permite eclodirem com a chegada do próximo período chuvoso e quente.

Pra reduzir o risco, a prefeitura de Foz do Iguaçu orienta os moradores a manter a casa e o quintal sempre limpos, livre de objetos que possam acumular água, e se tornar um criadouro para o mosquito.