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‘Se não nos quiserem, antes só que mal acompanhado’, diz Lupi sobre governo

Dilma Lupi minsiterio

Josias de Souza

“Se quiserem nossa companhia, ótimo. Se não quiserem, antes só do que mal acompanhado.” As palavras de Carlos Lupi foram recebidas com aplausos na reunião do diretório nacional do PDT, nesta sexta-feira, no Rio. Presidente da legenda, Lupi insinuou que o partido não saltará do governo Dilma Rousseff como um rato que abandona uma embarcação prestes a afundar. Se quiser retaliar o aliado por ter votado contra seu ajuste fiscal na Câmara, a presidente terá de tomar a iniciativa de lançar o PDT ao mar.

“Quem não nos quiser que anuncie à oponião pública por que não nos quer”, discursou Lupi, com transmissão ao vivo pela internet. “Se não nos quer porque está fazendo uma opção pela direita, diga. Quem não nos quer porque entende que devemos ser punidos por defender o trabalhador, diga. Mas não seremos nós que vamos fazer o papel do ratos de porão de navio.”

Ficou decidido na reunião que, a exemplo dos 19 deputados federais do PDT, os seis senadores da legenda votarão contra as medidas fiscais do governo Dilma. Lupi simula desinteresse pelo Ministério do Trabalho, pasta chefiada pelo pedetista Manoel Dias. “Nós queremos discutir o papel do PDT nesse processo”, disse ele. “Não é ter ou não ter ministério. O ministério pode ser importante se ele for um instrumento para nós praticarmos as nossas políticas, não para saber pela imprensa que vão tirar direitos dos trabalhadores. Nosso papel não é esse.”

Lupi bateu no PT: “Há um esgotamento do modelo de fazer política. O PT, na minha opinião, está esgotado no modelo, como instituição partidária. Ficou um projeto hegemônico. Muito poder pelo poder.” Mas justificou a permanência no governo com a alegação de que o PDT não pode fazer o jogo da “direita” tucana.

“Estamos num momento crucial. Temos que tomar um cuidado danado para não fazer coro com um discurso que está muito em voga hoje, que nós já vimos acontecer com o Getúlio, com o Jango, com o Brizola. É corrupção, corrupção, corrupção. E ninguém quer falar das deles. Existe maior corrupção do que a que fizeram com as empresas públicas no governo Fernando Henrique Cardoso? Existe maior corrupção do que a que fizeram com os bancos públicos privatizados de forma venal?”

Supremo paradoxo: nomeado por Lula para comandar a pasta do Trabalho, Lupi deslizou para dentro do governo Dilma. Foi varrido da Esplanada no final do ano inaugural do primeiro mandato, em meio a denúncias de corrupção. Nessa época, Dilma fazia pose de faxineira. “Não respondo a nenhum processo”, jactou-se Lupi, antes de afirmar que não deseja para Dilma um destino de Getúlio Vargas.

“Não será o trabalhismo que vai jogar do mesmo lado do mar de lama, que deu em tiro e no suicídio. Nós vimos o que aconteceu com Getúlio. Depois do tiro no coração, virou um heroi. Não queremos ver nenhum brasileiro morto. Não queremos ver o sacrifício de ninguém individualmente para garantir uma democracia difícil.” Como não planeja suicidar-se, Dilma preferiria que o PDT lhe desse votos no Congresso, não discursos de apoio.

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