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Um iceberg de fracassos

Um iceberg de fracassos

Ademar Traiano

Com uma taxa Selic em 11%, um PIB-pigmeu de 0,2%, no primeiro trimestre (projetando um PIB-nanico de 0,8% para 2014), e uma inflação sempre roçando o teto de 6,5% da meta, o fracasso da gestão econômica do PT dos anos Dilma Rousseff não é questão de opinião – é um fato concreto. Mas o desastre da economia é apenas a ponta visível de um iceberg de fracassos.

O descontentamento com o governo do PT é total. A desaprovação pela maneira como Dilma Rousseff enfrenta problemas básicos do país é muito elevada. Nada menos que 86% repudiam o jeito com que o governo do PT lida com a corrupção. Outros 85% condenam o tratamento que se dá ao problema da criminalidade. A corrupção no meio político, a segurança e a saúde são as maiores preocupações depois da inflação, segundo o Pew Research Center.

O descontentamento popular com os problemas relativos à saúde pública atinge 85% dos brasileiros e as questões de transporte público incomodam 76%, a política externa (baseada em bizarras parcerias esquerdistas) é mal vista por 71%; outros 71% avaliam mal a educação; a Copa do Mundo é criticada por 67%; o combate à pobreza por 65% e a condução da economia por 63%.

O desalento é geral. Até quem acredita que melhorou de vida nos últimos anos desconfia que sua renda vá parar de aumentar e pode vir a cair. Contra esse tsunami de descontentamento e desconfiança o que o PT pode oferecer foi uma propaganda terrorista sugerindo que as coisas poderiam ficar ainda piores se os petistas fossem despejados de suas bocas ricas, de seus cargos, de suas mordomias e mandados de volta para a oposição.

O Partido dos Trabalhadores, aliás, é um caso a parte. Para quem achava que o episódio do mensalão era o ponto mais baixo a que o PT poderia chegar, uma surpresa. Em São Paulo se descobriu que o partido tem até uma ala ligada ao PCC.

As distorções que se avolumam no modelo petista decorrem do fato que o poder pelo poder é o viés único desse modelo. O partido necessita da máquina do Estado para se manter e sustentar os milhares que o parasitam. Para se manter no poder, o PT, conforme já demonstrou várias vezes, é capaz de tudo. Nada o detém.

Na comparação com os outros países emergentes ou com nossos vizinhos latinos o vexame petista é de assustar. Com uma média anêmica de crescimento de 2% (que pode cair ainda mais se as sinistras previsões para 2014 se confirmarem), o Brasil do PT é um fiasco. A média de crescimento dos emergentes é de 5,2%, e da América Latina, de 3,2%.

Os números da pesquisa Pew e o PIB-nanico de 0,2% no primeiro trimestre indicam que o país está sem rumo querendo mudanças. Os índices de emprego, único setor em que o Brasil navegava “milagrosamente” tranquilo em um oceano de índices negativos, começa a revelar sua verdadeira face, com a liberação da chamada Pnad Continua.

A Pnad Continua é aquela pesquisa que a senadora Gleisi Hoffmann (PT) tentou impedir a divulgação, com manobras no Senado. A Pnad Continua é uma pesquisa mais ampla que revela um quadro mais sombrio da situação do emprego no Brasil. O Brasil registrou taxa de desemprego de 7,1% no primeiro trimestre deste ano, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O número representa alta em relação ao trimestre imediatamente anterior, quando o indicador ficou em 6,2%.

Outro dado alarmante é a produção industrial brasileira, que caiu 0,3% em abril em relação a março, e recuou 5,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado, conforme divulgou o IBGE. Pode fechar o ano com crescimento negativo.

O balanço que se pode fazer de tudo isso é simples. Existe uma grande vontade de mudar. A incompetência levou o país a uma situação limite. Os indícios sugerem que, em lugar de correção de rota, a presidente Dilma Rousseff pensa em aprofundar esse modelo fracassado, caso seja reeleita. O momento é propício para a oposição oferecer uma alternativa a esse desastre anunciado.

Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB do Paraná e líder do governo Beto Richa na Assembleia Legislativa.