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Só Campos e Richa mantém popularidade, diz Valor Econômico

Eduardo Campos e Beto Richa mantém popularidade, diz Ibope

Cristian Klein
Valor Econômico

A pesquisa CNI/Ibope, divulgada no fim da semana passada, apontou dois governadores que escaparam da queda brusca de popularidade depois da onda de protestos iniciada em junho: Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco, e Beto Richa (PSDB), do Paraná. Ambos pertencem a partidos que estão na oposição ou rumam para concorrer contra a presidente Dilma Rousseff, na eleição de 2014. Caso a insatisfação e os ventos de mudança persistam, as duas siglas, no entanto, estariam entre as mais prejudicadas no balanço de um possível perde e ganha nas disputas para governador. Legendas aliadas, como PT, PMDB e PP, são as mais bem posicionadas nos 11 Estados pesquisados pelo Ibope, e estão à espreita do fracasso dos governos de plantão – do mesmo modo que PSB e PSDB em relação à administração federal.

Exceto Campos e Richa, todos os demais nove governadores têm mais de 20% de avaliação negativa, ou seja, a soma de entrevistados que consideram a gestão ruim ou péssima. Na última disputa majoritária, na corrida municipal do ano passado, esta foi a linha de corte nas capitais. A um mês da eleição, 16 dos 26 prefeitos que tinham a administração reprovada por um percentual da população acima deste patamar já haviam desistido de concorrer, não se reelegeram ou não fizeram o sucessor.

A impopularidade do governador do Rio, Sérgio Cabral – a maior de todas, com administração reprovada por 50% dos eleitores -, pode levar o PMDB a perder seu principal Estado. Por outro lado, os pemedebistas podem se beneficiar caso outros governadores mal avaliados não se recuperem. O PMDB está no encalço do PSDB, em Goiás, onde Marconi Perillo registra, pelo Ibope, o segundo pior desempenho entre os governadores, com 38% de reprovação. No Estado, a legenda filiou recentemente o empresário Júnior Friboi para enfrentar o tucano. Perillo, porém, já sinaliza que pode desistir da reeleição.

Os pemedebistas ainda torcem pelo fracasso do PT na Bahia – onde o governo de Jaques Wagner tem 31% de rejeição – e no Rio Grande do Sul – onde Tarso Genro está no limiar dos 20%. No primeiro Estado, o PMDB de Geddel Vieira Lima divide a oposição com o DEM. No segundo, a legenda tem a companhia do PP, um aliado nacional, mas cuja senadora Ana Amélia promete dar trabalho para a reeleição do PT gaúcho. Há ainda pemedebistas à espera de uma oportunidade em Santa Catarina – onde Raimundo Colombo (PSD) tem 22% de rejeição -, no Ceará (também 22%) e no Espírito Santo (26%). No último Estado, há a expectativa de que o ex-governador Paulo Hartung ou o senador Ricardo Ferraço entre na disputa – além do senador Magno Malta, do PR. No penúltimo, o senador Eunício Oliveira aparece em terceiro lugar, de acordo com pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira, num levantamento distinto do encomendado pela CNI, que não aferiu cenários eleitorais.

O PT – a despeito dos riscos à joia da coroa, a Presidência da República – é o mais bem posicionado nos três Estados mais poderosos. Atualmente, a sigla não governa nenhum deles, mas é o principal beneficiário da rejeição da população a Cabral no Rio de Janeiro, onde a candidatura do senador Lindbergh Farias ganhou força. Em Minas Gerais, o tucano Antonio Anastasia teve o quarto melhor desempenho dos 11 governadores pela avaliação de ótimo e bom (36%), mas 26% responderam que sua gestão é ruim ou péssima – o que pode atrapalhar a eleição de um sucessor, ainda não definido. Contra ele, os petistas devem lançar o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel. Em São Paulo, a rejeição ao governador tucano Geraldo Alckmin é igual à do colega mineiro. E o PT, segunda força no Estado, há tempos espera quebrar a hegemonia do PSDB, que completará 20 anos em 2014. O nome mais cotado para nova tentativa é o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A oposição torce pelo tropeço da presidente Dilma, que registrou 31% de avaliação negativa. Mas suas esperanças de ganhar algo com a impopularidade dos governadores são mais restritas. Elas se concentram em três Estados. No Ceará, o ex-governador e ex-senador Tasso Jereissati lidera as intenções de voto caso queira voltar a exercer qualquer um desses cargos. O tucano, no entanto, anunciou a aposentadoria e disse que não disputaria mais eleições depois da derrota ao Senado em 2010.

Em Santa Catarina – que tem um dos cenários mais imprevisíveis, com muitas possibilidades de coligações – o senador Paulo Bauer se articula e pode lançar candidatura fora da Tríplice Aliança, hoje formada por PSD-PMDB-PSDB. O DEM na Bahia ainda não está fora do jogo, como demonstra a vitória de ACM Neto na Prefeitura de Salvador, no ano passado.

Já o PSB – aliado oficial do governo federal, mas cada vez mais próximo do rompimento – saiu bem da pesquisa Ibope com o desempenho de Eduardo Campos em Pernambuco, mas não oferece perigo em outros Estados. Pelo contrário, é ameaçado no Ceará e no Espírito Santo.

Se, por um lado, a popularidade de Campos pode animar seu projeto ao Planalto, por outro, os governadores Cid Gomes e Renato Casagrande, os mais refratários à candidatura própria do PSB, podem resistir ainda mais a romper com o PT. A melhor notícia para Campos é a manutenção da hegemonia no próprio território e a capacidade de fazer um sucessor em Pernambuco. Mesmo isso, porém, não é garantido. No ano passado, dos dez prefeitos que estavam abaixo dos 20% de avaliação negativa um não se reelegeu e três não emplacaram aliados em seus lugares.

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