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Dilma suspende mudança na direção da Itaipu

Dilma suspende mudança na direção da Itaipu

Presidente segurou indicação após Paulo Bernardo ser citado na Lava Jato em esquema de corrupção no Ministério do Planejamento

As investigações da Operação Lava Jato garantiram ontem (27) uma boa notícia para Foz do Iguaçu e região Oeste do Paraná. A presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu suspender a indicação do ex-ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, no lugar do presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek. Segundo assessores presidenciais, a nomeação estava pronta na Casa Civil desde a semana passada. As informações são da Gazeta do Iguaçu.

A presidente Dilma, segundo fontes das agências de notícias, mandou segurar a indicação após o ex-ministro aparecer citado na Operação, em um esquema de corrupção investigado no Ministério do Planejamento. Auxiliares dela já comunicaram ministros e dirigentes petistas sobre a decisão. Dilma quer esperar os desdobramentos das investigações da Lava Jato antes de confirmar o petista à frente de Itaipu.

A substituição na direção da empresa iria representar um retrocesso na política de abertura implantada por Samek desde que assumiu o posto, no início do primeiro governo do ex-presidente Lula (PT). Entre as ações se destacam apoio as iniciativas dos municípios, a recomposição da mata ciliar do Lago Itaipu e implantação de programas de tanque-rede e o Cultivando Água Boa, na recuperação de rios e córregos da bacia do rio Paraná.

Contexto
Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento do governo Lula e ocupou a pasta das Comunicações no primeiro governo Dilma. Ele é casado com a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR), investigada na Lava Jato.

Nesta segunda-feira (24), o juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, enviou despacho ao STF (Supremo Tribunal Federal) afirmando que as investigações da Lava Jato identificaram “indícios de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) seria beneficiária de valores de possível natureza criminosa”, recebendo “pagamentos sem causa”.

De acordo com o documento, Gleisi teria se beneficiado do chamado “Fundo Consist”, empresa que teria atuado no desvio de recursos de empréstimos consignados do Ministério do Planejamento – que, à época, era comandado pelo seu marido, Paulo Bernardo. Pelo menos R$ 50 mil desse fundo em pagamentos do esquema teriam sido repassados também em favor da congressista e de pessoas ligadas a ela, além do ex-ministro.

As apurações mostram que os desvios envolviam os escritórios do advogado Guilherme Gonçalves, responsáveis pela coordenação jurídica das campanhas da petista, e o pagamento de propina ligado à atuação da empresa de tecnologia Consist no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e ainda o uso de empresas de fachada.

Um documento apreendido durante as investigações indica o pagamento feito pela Consist de R$ 50 mil de honorários a Gonçalves em novembro de 2011. Ele teria acertado a operação com Paulo Bernardo, que ficaria, segundo as investigações, com todo o valor.