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‘País já está sob risco de apagão’

Portal PCH

Representantes de 15 associações do setor elétrico entregaram no final da tarde desta quinta-feira (6) uma carta ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em que classificam como “delicada” a situação dos principais reservatórios de hidrelétricas do país, que estão com o nível mais baixo desde 2001 devido à falta de chuvas. No documento, elas pedem para serem ouvidas pelo governo nas discussões sobre medidas a serem adotadas para enfrentar esse problema. (foto Dida Sampaio/AE)

A carta é assinada por entidades como a Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), a Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget) e a Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape). As entidades também pedem para fazer parte do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), formado por representantes do governo na área de energia.

“Nesse cenário de escassez de recursos hidráulicos e de recursos térmicos com capacidade instalada limitada, em nossa opinião, a situação merece cautela. Qualquer proposição deve ser tecnicamente embasada para que se possa encontrar, em conjunto com os agentes, soluções para fazer frente ao atual quadro de dificuldades”, diz a carta.

No final da tarde desta quinta, o ministro Edison Lobão esteve reunido com a presidente Dilma Rousseff para tratar da situação dos reservatórios.

Nível baixo

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), na quarta-feira (5), dado mais atual, o armazenamento de água nos reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste estava em 34,6%, o mais baixo desde 2001, ano em que foi decretado o racionamento de energia. As represas dessas duas regiões, que para o ONS formam um único subsistema, respondem por cerca de 70% da capacidade do país de gerar energia.

O nível daqueles reservatórios vem caindo desde o início do ano por conta da falta de chuvas. O problema é que isso ocorre justamente na época úmida, quando eles deveriam encher para garantir o fornecimento de energia ao país durante a época seca.

Por conta disso, nos últimos meses o ONS vem autorizando a produção de uma quantidade maior de energia por meio de usinas termelétricas, que funcionam por meio da queima de combustíveis como óleo, gás, carvão e biomassa. Ao acionar essas termelétricas, as
hidrelétricas geram menos energia para atender à demanda do país e, com isso, poupa-se água dos reservatórios.

Entretanto, a energia das termelétricas é mais cara e esse custo a mais é repassado aos consumidores brasileiros via conta de luz.

Risco de racionamento

Mesmo com a piora na situação dos reservatórios, o Ministério de Minas e Energia afirma que não há risco de faltar energia no país neste ano. A expectativa é que as chuvas se intensifiquem até o final de abril, quando termina o período úmido. Segundo o ONS, até lá os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste precisam atingir 43% de armazenamento para que o atendimento da demanda esteja garantido sem dificuldades.

Na semana passada, o ONS divulgou relatório em que prevê que as represas do SE e CO devem receber durante o mês de março mais água que nos dois meses anteriores, porém ainda em quantidades abaixo da média histórica. De acordo com o documento, deve chegar a esses lagos, durante o mês de março, uma quantidade de água equivalente a 67% da média histórica.

Esse resultado, se confirmado, representa uma melhora em relação ao verificado nos meses de janeiro e fevereiro, em que a chamada afluência ficou, respectivamente, em 54% e 39% da média histórica naquelas regiões. O índice de fevereiro é o segundo pior para o mês em 84 anos. O de janeiro foi o terceiro pior em igual período.